quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Belas palavras de Pai Júlio Braga!

Araraquara, morada do sol, terra de Angorô.

Espraiam-se mistérios para além de suas plagas.
Mágica serpente ronda a Igreja matriz, que onda !!!
Não deixa chegar ao fim aquela obra.
Angorô que se arrasta na terra para ressurgir no céu
Em forma de arco iris mais que simples cobra.
Oxumarê, síntese divinal do princípio do meio e do fim.
Se tu não cedes àquele fano, se não me engano,
vai tudo "pro beleléu".
Não esqueças, no entanto, lá a morada do céu,
Onde a chuva vesperal cruza os ares,
Arrasta-se, como tu, pelas rubras terras
Alimenta canaviais e tudo mais...
Portanto, soberano do infinito, sol e ares,
Solares sois,
Deixa de lado tua fúria e vais a cúria.
Deixa de lado, essa gente Oh serpente.
Concede a permissão da construção.
Mas se não te respeitarem,
Num só bote, salta da terra enfinca o dente,
Manda tudo pelos ares ou para as terras de |Bessém.
Ou para sempre, na eternidade, Amém...

Pai Júlio Braga, uma presença marcante...

Pai Julio Braga, com sua humildade que lhe é peculiar. Veio para dar a obrigação de 7 anos de meu filho, no Keto. Quem diz que este senhor é um antropólogo, professor aposentado da UFBA e da UEFS, com pós doutorado? Morou 8 anos na África, onde foi iniciado e onde ganhou o cargo de Ojé, muito embora, no Brasil, siga as raízes do ilê Axé Opô Afonjá. Morou 8 anos na Ilha de Itaparica, sendo padrinho de 2 filhos da yakekere do Ilê Agboulá e tornou-se pessoa com livre acesso à ritualística desta casa. Foi diretor do IPAC na Bahia, instituto responsável pelo tombamento das roças de candomblé, dentre outros monumentos históricos, sem contar os vários livros publicados. Era amigo pessoal de Pierre Verger (que prefaciou um de seus livros), Mãe Beata (que prefaciou Cadeira de Ogã), Mãe Olga do Alaketo (que o tinha como filho) e outros tantos estudiosos e sacerdotes respeitados de nossa fantástica religião. É proprietário e sumo sacerdote no terreiro Axé Loyá em Salvador.

(Texto retirado do Facebook Mameto Cecília)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Feliz Natal, Próspero 2014!

Que sua estrada seja suave! 
Muito Axé, um Natal e Ano de 2014, 
repleto de coisas boas!

São os votos sinceros de Mãe Cecília de Araraquara!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Mãe Cecília de Araraquara

Todos nós precisamos de um rumo em nossas vidas!
 Venha nos conhecer, quem sabe, tudo pode mudar!

Agradecimento


Agrademos carinhosamente, todas as pessoas que compareceram a festa realizada em 30.11.2013, em homenagem a nossa querida Iansã. Muito Axé, para todos vocês!!!!


SOBRE IANSÃ


Os significados em Iansã
São realmente muitas versões em torno de um único mito, mas é comum, ainda,
que se escute, além dessas histórias, a de que ela era a única mulher em quem
Xangô confiava. Oiá teria fi cado até o momento de passagem do rei para o
“mundo encantado” (virado orixá), ao lado dele, batalhando pelo crescimento
do marido e pela proteção do povo do qual ele era rei.

Certa vez, Xangô pediu que Oiá fosse buscar, junto com Ifá, deus da adivinhação,
um saco com os segredos de como desencadear os relâmpagos e
trovões. Muito curiosa, independente e sem querer que o poder fosse todo
para Xangô, roubou para si o domínio dos relâmpagos, enquanto o rei ficou
com a magia dos trovões.

Uma variação dessa história diz que Iansã, primeira mulher de Xangô (não a terceira,
como já foi dito), era a única por quem ele tinha se apaixonado e a quem
ele confiou uma missão. Pediu que Oiá fosse buscar, sem que ninguém soubesse,
uma poção mágica que ele tinha encomendado. O rei não disse para que serviria
a mistura, mas a esposa se preparou para provar do segredo. Quando, então,
Iansã abriu o recipiente, encontrou bolinhas de algodão embebidas em azeite de
dendê. Sem pestanejar, engoliu uma e se tornou a senhora que conhecia o segredo
do acará, o bolo de fogo, representação do poder sobre os raios e trovões.
Enquanto isso, o marido ficara, somente, com o poder do próprio fogo, que,
para ser alimentado, precisaria dos ventos de Iansã.
Gisèle Cossard, no livro “Awô: o mistério dos orixás”, descreve a força da aiabá
(orixá feminino):

“Também conhecida como Iansã, Oyá se manifesta no vento, nas
tempestades e nos tornados: ativa o fogo, acende o relâmpago, destrói
casas e arranca as árvores, arrasando tudo com sua passagem”
(2006, p. 54).

Por isso, quando as trovoadas e os raios anunciam chuva, diz-se “Que os bons
ventos soprem”, mas na língua de Oiá: Eparrei! Essa saudação é grafada de várias
formas: “Eparrei”, “Eparrê”, “Epa Hey”. A expressão é bem parecida com
o som que os fi lhos-de-santo, quando “incorporados” por Iansã, emanam na
hora que os atabaques das cerimônias religiosas saúdam a entidade: “rei”, com
ênfase nos fonemas da letra "r" e da letra "e".

A designação “Oiá” também tem sua justificativa:
“Oiá é o nome usado na Nigéria para Iansã, a deusa a quem é dedicado
o Rio Níger, que é conhecido como Odo Oiá, o rio de Oiá. O-ya
significa ela rasgou em iorubá, que nos dá uma idéia de vento desastroso
em sua passagem” (THEODORO, 2010, p. 103).

Já o nome “Iansã” é associado ao número nove. Por isso, inclusive, um dos enredos
de sua lenda conta que, na briga com Ogum, ele a dividiu em nove pedaços,
“mesma quantidade de filhos que teria tido com o ferreiro”.

“Oyá comanda os Eguns, o povo do além, mantendo-os fora do mundo
para que não venham perturbar os humanos. Ela os obriga a fi car nas
nove partes do céu que lhes são reservadas, os nove oruns, daí o segundo
nome de Oyá: Oyá mesan orum, Oyá dos nove céus, que se tornou Iansã”
(COSSARD, 2006, p. 54-55).

Verger (2002) apresenta mais um enredo para a versão do nome Iansã, fazendo
conexão entre a indumentária utilizada nos rituais de Babá-Egun:

“Oiá lamentava-se de não ter fi lhos. Esta triste situação era conseqüência
da ignorância a respeito das proibições alimentares. Embora a carne da
cabra lhe fosse recomendada, ela comia a de carneiro. Oiá consultou um
babalaô, que lhe revelou o seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas,
entre as quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde,
haveria de servir para confeccionar as vestimentas de Egúngún. Tendo
cumprido essa obrigação, Oiá tornou-se mãe de nove crianças, o que se
exprime em iorubá pela frase: ‘Ìyá Omo mésàn’, origem no do nome Iansã”
(2002, p. 168-169).

Cossard (2006) apresenta sete variações – também chamadas de qualidades –
para a deusa Iansã: Icú Oyá (carrega a morte), Oyá Onirá (ligada a Oxum), Jegbê
(a mais velha), Jimudá (ligada a Oxalá), Cará (é o fogo), Padá (dá luz aos eguns) e
Balé (que comanda os eguns).
Ainda na época em que se fazia necessário cultuar os santos católicos na intenção
dos deuses africanos, Santa Bárbara (trazida ao Brasil pelos colonizadores
portugueses) era associada tanto a Oiá, quanto a Xangô. Dizia-se que os devotos
nagôs de Bárbara, quando eram homens, cultuavam, na verdade, o Rei de Oió,
enquanto as mulheres seriam filhas de Iansã.

Com o tempo, Xangô deixou de ser associado à santa, primeiramente porque
Bárbara é de gênero feminino, depois porque a “mártir católica”, que teria sido
degolada pelo pai e ele, por sua vez, morrido, logo após, com descargas de raios,
traz uma lenda com características mais ligadas à aiabá Iansã.
É nesse contexto histórico e mítico que Oiá é vivida na Bahia. Pelas figuras de
força e com poderes sobre os raios, Iansã e Santa Bárbara são comparadas, associadas e suas histórias foram sofrendo releituras ao longo dos tempos, a partir
das “lendas” que envolvem as duas. Essa relação, inclusive, deu vez a ditados
populares contidos no processo de bifurcação religiosa entre os cultos de matriz
africana e o catolicismo: “Não é que Iansã seja Santa Bárbara, é que Santa Bárbara
é de Iansã”.

Eparrei!!!

(Texto retirado de Mameto Cecília - Facebook)